segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Um conto de natal, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Um conto de natal, por Fábio de Oliveira Ribeiro:

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Um conto de natal

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Isolado do mundo civilizado e, sobretudo, distante de seu próprio povo, existia um Estado que tinha aproximadamente 500 anos. Ele era gordo e desajeitado, violento e hipócrita, maldoso e intolerante e sofria de uma doença mental muito comum nos Estados que haviam sido implantados mediante a colonização de um novo território. Essa doença era o culto de um passado idealizado, a rejeição do seu verdadeiro passado e a ambição de um futuro desligado de todas injustiças que ele tinha cometido. Aquele Estado raramente lidava bem com seu presente, por certo.
Um dia esse Estado caiu nas mãos de um operário e começou a crescer e a distribuir renda. Mais do que se sentir incluídas politicamente, o que de fato não podia acontecer, as pessoas comuns incluíram alguma comida na suas ceias de natal. O fantasma da fome dos natais passados foi esquecido por algum tempo.
Mas esse operário era muito odiado pelos aristocratas, pelos burocratas do Judiciário, banqueiros e pelos políticos invejosos. Então ele foi perseguido e impedido de disputar uma eleição. O homem que ganhou a eleição era malvado.
O desemprego aumentou? Isso é um problema do mercado. A fome retornou? Meu governo é um sucesso. A população está triste? Eu estou cuidando dos meus filhos e não me importo com nada e com ninguém.
Como era previsível, o fantasma dos natais passados retornou. A ceia de natal era apenas as imagens de comida na televisão daqueles que não tinham nem emprego, nem renda, nem futuro.
Mas pessoas alimentadas não estavam felizes. Elas começaram a comprar armas e a atirar umas nas outras por qualquer motivo pueril ou fútil. O chefe daquele Estado doente incentivava a violência e não era capaz de reconhece que estava fazendo um mal à população.
Naquele Estado sem passado e sem presente, a população adoecia e não era capaz de reagir. Não havia mais esperança nos natais futuros. Muitos morreriam antes do carnaval. E até aqueles que podiam morrer de fome ou por falta de assistência médica não se importavam.
As imagens produzidas pela televisão dominavam as mentes e endureciam os corações. A justiça fugia dos Tribunais com medo de ser torturada pelos juízes.
E os juízes queriam ser donos do Estado e de tudo o mais. Eles também estavam descontentes. No fundo eles queriam assassinar alguém. E a pessoa que eles queriam assassinar era aquele maldito operário que ousou possibilitar às pessoas comuns ter o que comer no natal.
Alimentar o povo… Isso é muito perigoso, diziam os banqueiros. Quem fica com a barriga cheia começa a imaginar uma vida melhor.
Facilitar o acesso dos pobres às Universidades… Isso é inadmissível, diziam os membros da classe média. Meu filho não deve ter que disputar os melhores empregos com o filho da minha empregada. O mérito dele é não ter nascido numa favela.
Tratar os pobres como pessoas dignas… Não é possível admitir isso diziam os juízes. O lugar dos pobres é nas favelas deles ou nas nossas prisões mórbidas e asquerosas.
Durante aquele governo o natal foi abolido por aquele Estado. E mesmo assim ele foi religiosamente celebrado na televisão. Porque as imagens sedutoras devem ter mais vida quando o povo é condenado a morrer de fome no natal.
Naquele mundo de ponta cabeça, não havia espaço nem mesmo para um conto de natal. E mesmo assim, alguém apareceu e escreveu um. Nesse conto, a lembrança da barriga cheia era mais importante do que o medo de depor o governante malvado. O personagem principal da história era um frade que resolveu adotar o credo dos Dolcinianos.
Vocês não tem o que comer? Comam os ricos, ele dizia aos pobres. Os ricos nunca passam fome. Portanto, eles podem ser o prato principal na sua ceia de natal.
Vocês não podem esperar até o natal? Comemore hoje o natal que sua vítima não poderá ter amanha. E comam os ricos como se eles fossem um peru natalino gordo, saboroso e bem temperado.
Esse frade herético era um santo. Quando tentaram queimá-lo ele queimou aqueles que o perseguiam. Comam os ricos… Mas não esqueçam de comer aqueles que são serviçais deles também. O movimento que ele começou obviamente terminou em tragédia. Mas num Estado em que a tragédia dos pobres é o meio de vida dos ricos as coisas somente se equilibram quando os próprios ricos são devorados pela barbárie que semearam.
Naquele Estado, o natal tem fome de ricos agora. Ele precisa ser alimentado hoje e amanhã. Os ricos merecem ser devorados.

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

EUA: veículo explode no centro de Nashville após misteriosa contagem regressiva

EUA: veículo explode no centro de Nashville após misteriosa contagem regressiva:

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Um trailer (motorhome) explodiu na manhã de sexta-feira, dia de Natal, no centro de Nashville, após uma contagem regressiva assustadora por um alto-falante, um ato "deliberado" segundo a polícia local, que confirma danos dramáticos à cidade, capital da música country dos Estados Unidos.

Ex-ministro de Bolsonaro, Nelson Teich estima que 230 mil já morreram por covid-19 no Brasil

Ex-ministro de Bolsonaro, Nelson Teich estima que 230 mil já morreram por covid-19 no Brasil:

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Da Revista Fórum Nelson Teich, ex-ministro da Saúde no governo de Jair Bolsonaro, usou as redes sociais, nesta sexta-feira (25), para discordar dos dados oficiais sobre as mortes provocadas pela covid-19 no Brasil. Ele afirmou que, até o momento, cerca de 230 mil pessoas perderam a vida em consequência da doença, número bem superior aos […]

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Primeiro filme LGBT da Disney Pixar é dublado por casal gay na vida real

Primeiro filme LGBT da Disney Pixar é dublado por casal gay na vida real:

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O curta-metragem Segredos Mágicos está disponível desde o último dia 18 no Disney+ . A animação da Pixar, que fala sobre um casal gay, no Brasil é dublada por um casal gay de verdade, Lucas Gama e Fernando Mendonça.

Na história, o jovem Greg está prestes a se mudar para viver com o namorado, Manuel. Mas seus pais aparecem de repente. Como ele ainda não é assumido, uma saia justa se forma, no entanto, um cãozinho o ajudará no processo.

Leia a matéria completa no Guia Gay, parceiro do Metrópoles.

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Momento de tensão: vídeo mostra jacaré atacando bombeiro em SP. Veja

Momento de tensão: vídeo mostra jacaré atacando bombeiro em SP. Veja:

Um jacaré foi capturado próximo à entrada de um condomínio em Paulínia (SP), nessa quinta-feira (24/12). Um vídeo divulgado pelo portal G1 mostra o momento em que um bombeiro quase é mordido pelo animal ao tentar colocá-lo na jaula.

Assista:

Por volta das 20h30, o jacaré foi levado até uma lagoa, a quase 1,5 km do condomínio.

Moradores afirmam que esta não foi a primeira vez que o animal apareceu no local. Ele já havia sido visto na vizinhança na última quarta-feira (23/12) e, em 9 de dezembro, apareceu na calçada.

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Resgatar as emissoras educativas para o ensino híbrido, por Wagner de Alcântara Aragão

Resgatar as emissoras educativas para o ensino híbrido, por Wagner de Alcântara Aragão:

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do Brasil Debate

Resgatar as emissoras educativas para o ensino híbrido

por Wagner de Alcântara Aragão

Gestores públicos em Educação e Comunicação precisam urgentemente se reunir para traçar estratégias de inclusão ao ensino remoto para o ano letivo de 2021.

Porque, pelo andar da carruagem, chegaremos a fevereiro com os piores indicadores da pandemia de covid-19. Na melhor das hipóteses, estaremos no início do processo de vacinação (e isso se ao menos prevalecer um mínimo de pressão popular e política, e de bom senso).

Assim, aulas à distância continuarão a ser o único recurso para que crianças, adolescentes e jovens não fiquem distantes dos estudos. Mesmo quando houver o retorno às escolas, isso se dará de modo gradativo. O ensino híbrido – presencial combinado ao remoto – vai fazer parte da retomada, e por um bom tempo.

Ao longo de 2020 nos deparamos com uma série de indicadores, relatos e histórias que mostram a exclusão digital no Brasil. A privatização das telecomunicações, vendida como salvação, mal atende aos interesses do mercado. Não foi, nem será capaz, de levar banda larga às comunidades mais longínquas, nem aos mais desassistidos – enfim, a quem mais precisa de internet para, neste momento, ter o direito à educação assegurado.

Ademais, mesmo que por milagre começássemos hoje um programa de universalização da banda larga, o problema da exclusão digital não seria resolvido a tempo do volta às aulas.

Por isso, é preciso lançar mão dos meios de comunicação de massa para levar a escola a todos os educandos e educadores.

A estrutura básica já está montada – várias unidades da federação contam com sistemas de emissoras educativas; há a TV Escola, de alcance nacional, canais universitários e outros concedidos ao terceiro setor.

Onde não há, é possível ao gestor – municipal, inclusive – pleitear concessão. A digitalização do sinal abriu espaço no espectro eletromagnético (portanto, há frequências disponíveis) e a Constituição da República, em seu artigo 223, estabelece o princípio da complementaridade no sistema de radiodifusão aberta, isto é, a distribuição dos canais entre entes de natureza privada, estatal e pública.

Que quero dizer? Que há infraestrutura básica montada; há infraestrutura disponível para expansão imediata; há absoluto respaldo legal para a abertura de emissoras, ou ampliação do sinal das já existentes, de caráter educativo, mantidas pelo poder público.

Falta, apenas, vontade e decisão política, para que se engendrem planos de ensino remoto conjugando modalidades e tecnologias disponíveis: o presencial, a internet, a televisão, o rádio.

E não estamos a falar de emissoras só para exibição de teleaulas convencionais. Temos nas secretarias de Educação municipais e estaduais, nas escolas, na academia, equipes talentosas, criativas e competentes para construírem um modelo ao mesmo tempo cativante, envolvente, e objetivo, eficiente. Os recursos do sinal digital viabilizam, inclusive, a interatividade.

Em outubro, publicamos aqui no Brasil Debate um artigo sobre a comunicação como política pública, referenciado por um documento do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). É uma boa fonte para os gestores, também: <https://brasildebate.com.br/democratizar-a-comunicacao-tambem-e-politica-publica-municipal/>.

Wagner de Alcântara Aragão – É jornalista e professor. Mestre em estudos de linguagens. Licenciado em geografia. Bacharel em comunicação. Mantém e edita a Rede Macuco

Crédito da foto da página principal: acervo da TV Universitária de Recife, da Universidade Federal de Pernambuco, tida como a primeira do gênero educativo no Brasil, fundada em 1968

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